quarta-feira, 11 de março de 2009

[7] Recife, Olinda e Porto de Galinhas em Pernambuco

Na quinta-feira Norma e Cláudia, que mais pareciam uma dupla de comediantes, me deixaram na rodoviária às 19:29! Meu ônibus partia para Recife às 19:30, mas felizmente ainda foi possível apanhá-lo. Emoções.

Cheguei na capital pernambucana por volta das 8:30 da manhã de sexta, ainda teria que pegar um outro ônibus municipal para chegar até a praia de Boa Viagem, onde me hospedaria. Após obter algumas informações gerais com a garota que estava sentada ao meu lado fui seguindo em meu mapa da cidade o caminho que o ônibus percorria para saber aonde teria que descer, no que obtive êxito. Caminhei apenas duas quadras para chegar ao albergue. Como teria apenas a sexta em Recife (sábado faria um passeio para Porto de Galinhas e domingo às 7:00 da manhã retornaria ao Rio), imediatamente acertei um city tour para a tarde.

Até dar a hora do micro-ônibus me buscar (13:30 hs ) caminhei por Boa Viagem, inclusive na praia, comprei lentes de contato e almocei. O curioso desta praia são as inúmeras placas espalhadas avisando aos banhistas sobre o perigo da presença de muitos tubarões. Já houve vários casos de mordidas de tubarão na área. É sugerido que os banhistas entrem no máximo até a água bater na cintura e o surf é proibido.

O city tour da tarde abrangeria não só Recife, mas também Olinda. Um dos pontos altos era a própria guia Olga, uma gorda bonachona, falante, engraçada e com ótima presença de espírito. Segundo ela o centro de Recife é dividido em três regiões: as chamadas ilhas de Boa Vista, Santo Antônio e de Recife. Pela primeira só passamos e não paramos, já em Santo Antônio conhecemos próximo à praça da República o Palácio Campo das Princesas, o Palácio da Justiça e o teatro Santa Isabel. Mais adiante ficam a estação ferroviária e a Casa da Cultura, uma antiga prisão. Todas essas construções fariam qualquer arquiteto ficar boquiaberto.

Seguimos então para terceira e última parte em Recife, a ilha de mesmo nome da cidade. Fomos direto ao chamado Marco Zero. Não demorou nem um minuto para que eu percebesse que estivera ali três semanas antes, porém um pouco "mamado", à noite e em meio ao carnaval. A sensação de estar ali de dia foi completamente diferente da anterior, estranha por sinal. Caminhamos pelas ruas do centro onde pudemos conhecer vários prédios com fachadas centenárias, algumas herança dos portugueses outras dos holandeses.

Os holandeses invadiram Pernambuco em 1630 em busca do valioso açúcar e permaneceram por 24 anos até serem expulsos. Foi tempo suficiente para que marcassem sua presença. Uma das heranças são as cerca de 45 pontes sobre os rios que cruzam o centro.

Do centro de Recife seguimos para Olinda. Se a primeira cidade tem 1.700.000 habitantes, Olinda tem 367.000 espalhados por seus 32 bairros. Porém o que chama atenção mesmo na cidade são os 10 km2 do centro histórico que é Patrimônio Cultural da Unesco (assim como Ouro Preto, Paraty, São Luis...)

A primeira parada em Olinda foi na catedral da Sé. Mais bonita que a própria igreja era a vista panorâmica que se tinha de seu pátio. Desse que é um dos pontos mais altos da região era possível ver não só Olinda mas também Recife, ao longe. Passeamos por ruelas, vimos dançarinos de frevo, escutamos repentistas e comemos uma excelente e barata tapioca de queijo coalho. Abro um parentêses para finalmente dar o braço a torcer para alguns amigos nordestinos: assado, frito, enfim, derretido, talvez o queijo coalho seja mesmo melhor que o queijo Minas. Mas só assim, viu? hahaha. Depois disso, quando já anoitecia, conhecemos o belíssimo Mosteiro de São Bento. Por essas ruas mais uma vez me veio a sensação de "Deja vu", tinha passado nos mesmíssimos locais no carnaval, mas dessa vez as intenções eram bem diferentes. Retornamos, então a Recife, ouvindo belas histórias narradas por nossa guia. Durante as visitas pude conversar principalmente com um casal de mineiros de Belo Horizonte e um engenheiro da Embraer que houvera estudado na mesma universidade que eu.

No sábado partimos logo de manhãzinha para Porto de Galinhas. Casualmente sentei ao lado de Devendra Malkan, um tanzanês (África) cujos pais eram indianos e que morava em Michigan nos EUA. Fomos conversando em todo o trajeto e servi de intérprete entre ele e a nossa guia simpática e calma - ao contrário da Olga - Conceição. Achei Devendra bastante ousado, uma vez que vinha viajando no Brasil por um mês sabendo apenas uma palavra em português: obrigado.

Conceição disse que Porto de Galinhas tinha esse nome porque escravos traziam escondidas galinhas d'Angola nos navios que vinham da África, pois eram muito apreciadas pelos senhores de engenho. A senha quando chegavam ao porto era "tem galinha nova no porto". Hoje Pernambuco é o terceiro maior produtor de cana no Brasil, atrás de São Paulo e Alagoas, mas no auge da produção havia 140 Engenhos no estado, muitos hoje transformados em usinas.

Passamos perto do Porto de Suape, região industrial, há 45 minutos de Recife, aonde está sendo construída uma nova refinaria da Petrobras, o que já está gerando muito emprego na região.

Chegamos então em Porto de Galinhas, nosso ponto de referência era um restaurante de frente para a praia, o Peixe na Telha. Pedi o tal Peixe Geraldo Magalhães - Campeão Brasil Sabor 2008. Provei e aprovei!

Em Porto de Galinhas o principal programa além de banhar-se no mar e saborear a boa comida é, quando a maré está baixa, entrar nas piscinas naturais que se formam próximo à costa e observar as centenas de peixes que ficam presos. Finalmente usei meu snorkel e máscara que carregara durante toda a viagem.

Retornamos a Recife e dessa vez fui conversando com o grande paulistano Rafael. Combinamos de curtir a night recifense na minha despedida do nordeste.

Depois de nos encontrarmos na praia Boa Viagem em uma determinada rua, fomos a uns barzinhos bem badalados e muito bem frequentados no lado oposto à orla. Não me lembro bem o nome (dois deles acho que eram o Buteco e o Carolina Café). Depois de muitas, muitas, muitas cervejas fomos à boate Jardins, também nas imediações. Foi o encerramento perfeito da viagem, saímos às 4:00 am, peguei um táxi, passei no albegue para pegar a mochila, deixamos o Rafael no hotel dele e segui moribumdo para o aeroporto pois meu vôo sairia às 7:00 am!

O vôo de retorno seria tranquilíssimo não fosse o fato de ao meu lado viajar no colo de sua mãe um pestinha birrento. Fazer o quê. Cheguei no Rio pouco antes das 10:00 da manhã de domingo e às 11:00 hs estava de volta ao lar. O regresso também é uma das grandes fases de toda viagem, curioso é que às vezes leva-se um tempinho para se reacostumar com a própria casa.


P.S. Vejam como o camarão está presente na culinária nordestina, anúncio em um outdoor: "Motel Praia Norte - Camarão alho e óleo grátis"

P.S. 2 Talvez Minas tenha as melhores cachaças, mas aonde se bebe mais pinga é no nordeste
P.S. 3 Dados sobre a população. João Pessoa: 693.000; Natal: 798.000; Recife 1,7 milhão; Fortaleza: 2,4 milhões
P.S. 4 Se ainda não ficou claro: Natal me decepcionou um pouco, Recife até que me surpreendeu, precisaria de mais dias em Fortaleza para julgá-la, João Pessoa um dia ainda será descoberta. Infelizmente dizem que Natal era como João Pessoa é hoje, tomara que a cidade progrida sem perder seu encanto.

Um comentário:

Unknown disse...

Joacir e eu tiramos fotos numa destas placas numa conexão que fizemos na época de trainee, a caminho de Fortaleza!