domingo, 15 de fevereiro de 2009

[6] Fortaleza e Canoa Quebrada no Ceará

É possível imaginar pessoas que abandonam tudo pra ficar em uma cidade distante de sua origem, nos confins do Brasil ?

Pois tanto em Jericoacoara quanto em Canoa Quebrada (praia quase na fronteira do Ceará com o Rio Grande do Norte), encontrei umas figuras assim. Sejam eles com curso superior ou não, de alguma parte do Brasil ou da Europa, ricos ou pobres, todos pensam ter encontrado nessa parte do Brasil um sentido para as suas vidas. Talvez seja difícil compreender, mas essa não é minha intenção, apenas constato um fato.

Bem, de Jericoacoara viajei para Fortaleza. Nessa cidade estou me hospedando na casa da madastra e do pai de um grande amigo dos tempos de universidade, o cearense Sérgio. A Norma tem feito com que quase me sinta em casa e, além de me mostrar a cidade, tem me facilitado uma exploração pela culinária local. Mais uma vez estão muito presentes a tapioca, o carangueijo, o camarão, a peixada...

Quem gentilmente me pegou na rodoviária foi a mãe de meu amigo, Cláudia, que no mesmo dia já me mostrou a famosa avenida Beira Mar, a praia de Iracema, o centro cultural Dragão do Mar, a ponte metálica ( ou dos ingleses) além de outros pontos. Também neste dia a Norma me levou até o Beach Park e me deixou, na parte da tarde, na praia do Futuro, na excelente barraca Vira Verão. À noite saímos eu Norma e Cláudia... Em um só dia já passei pelos principais cartões postais da cidade, mas a impressão é que Fortaleza mereceria semanas de visitação.

Na quarta meu destino seria uma pequena expedição à famosa Canoa Quebrada, distante 166 km ao sul. O passeio começaria às 7:30 e quando acordei às 6:30 chovia como há muito não se via. No entanto, 2 horas e meia depois, já em Canoa Quebrada, o sol brilhava intenso, e mais uma vez eu olhava para os céu e agradecia essa sorte que tem me intrigado um pouco.

Canoa Quebrada é uma pequena vila pertencente ao município de Aracati. Há uma cidade pequena e desce-se or uma falésia para chegar á bonita praia. Em 1970 a praia ficou famosa por ser habitat dos hyppies. Nessa época surgiu o símbolo da cidade, esculpido nas falésias: uma lua entrelaçada com uma estrela. Dizem que o símbolo foi feito em homenagem a um casal de hyppies que se separaram, na tentativa de reaproximá-los. O nome Canoa Quebrada remonta os anos de 1600 quando uma embarcação portuguesa encalhou na região. Os índios reaproveitaram toda a madeira do barco e se referiam ao local como a praia da Canoa Quebrada.

Por recomendação do Sérgio fiquei na barraca do Paulinho em Canoa. Conversei com ele um pouco e ele me contou algumas histórias de meu amigo, uma das quais a de que o Sérgio, depois de alguns dias no local e sem dinheiro, trocara um tênis Nike por hospedagem e comida.

Creio que um dia só não é suficiente para se captar a magia de Canoa Quebrada, mas a bela praia com as falésias na lateral já compensou a visita. Bom mesmo seria ficar mais um dia e curtir a noite de Canoa que dizem ser muito boa.

Retornamos à Fortaleza. Na própria quarta, ainda sairia para comer carangueijo com a Norma e sua filha Raíssa. Enquanto eu comia um, elas comiam dois cada uma. Um dia eu pego prática. Dessa vez aprendi com a Norma um modo de sugar o interior cascudo das patinhas do carnagueijo e retirar a carne branca de maneira integral.

Na quinta pela manhã estava novamente chovendo, optei por dormir um pouco mais, já que teria uma longa viagem até Recife a noite. Também aproveitei para resolver algumas coisinhas via internet, inclusive localizar um local pra ficar na capital pernambucana. Na parte da tarde de quinta, em meu útimo dia em Fortaleza, ainda viria a conhecer alguns pontos e saboraear mais uma vez a culinária cearense.

Uma vez mais a hospitalidade de amigos, como a Norma, Cláudia, Henrique e Raíssa, viria a fazer diferença na minha viagem. Essa é uma experiência que já tive principalmente em São Paulo, Belo Horizonte, Maceió, Vitória, no Uruguai, em João Pessoa, Fortaleza... e que dá um toque especial em qualquer viagem. Sempre fico um pouco apreensivo, com receio de estar incomodando ao alterar a rotina dos anfitriões, mas esta é mais uma oportunidade de repetir a frase que está desenhada em giz branco no meu balão de metal preto que tenho pendurado em minha sala no Rio de Janeiro: "Quem não arrisca nada, arrisca tudo". Ainda me restam três dias de férias para arriscar mais um pouco...

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