domingo, 15 de fevereiro de 2009

[2] João Pessoa na Paraíba

João Pessoa é uma cidade que aparenta proporcionar aos seus cidadãos uma ótima qualidade de vida. A densidade populacional parece ser baixa, há muito espaço disponível ainda. As ruas são largas e a cidade lembra mais as européias e norte-americanas que as outras capitais do Brasil ou da da América do Sul. O prefeito é muito querido e parece entender muito bem de gestão pública. Removeu camelôs e criou mercados de compras aconchegantes, implantou o orçamento participativo, iluminou bem a cidade, recuperou fachadas de prédios antigos, dentre inúmeras outras coisas que poderia citar. A cidade também pega embalo no crescimento nordestino, superior à média nacional e a economia esbanja pujança.

Em João Pessoa eu ficaria hospedado na casa do Bruno, que como já disse, trabalha comigo na Petrobras.

Na própria quarta-feira que regressamos de Caicó-RN ainda foi possível fazer um "city night tour" com ele e a namorada dele pelo centro de João Pessoa aonde pude tirar belas fotos noturnas. Foi possível perceber a suntuosidade de várias construções e igrejas, que o poder público se esforça em preservar. Também foi posível comer as tradicionais empadinhas Barnabé. O que me chamou mais a atenção não foi nem tanto as empadinhas em si, que são deliciosas, mas a visão empreendedora de seu dono; tudo no local é derivado de criatividade e inovação.

Mas era a quinta-feira que me reservava os melhores momentos. Nosso palnejamento era alugar um carro e ir para as praias do litoral sul, chegando mesmo a sair do município de João Pessoa.

Paramos em várias praias as quais nem me recordo bem o nome. A primeira era uma cheia de rochedos que formavam belas paisagens. A seguinte foi a Praia Bela. Bela não era a praia mas o lugar. Embaixo de palhoças (guarda-sol de vegetação seca) e dentro de um riozinho ficavam mesinhas e cadeiras onde podíamos nos sentar, comer e beber, tudo isso com os pés dentro d'água.

A cerveja estava geladíssima e finalmente aprendi a comer carangueijo, devidamente instruído pelo Bruno e pela Helô. Logicamente não podia acompanhá-los, mas até que evoluí. O carangueijo vem inteiro mergulhado em um caldo delicioso. Com ele vem uma tábua de madeira e um martelinho. Vai se destrinchando partes das pernas do caranguejo e para tirar-se a pouca carne que fica sob o casco duro tem-se que dar marteladinhas e quebrá-lo. Dá trabalho mas o resultado compensa. Se não bastasse isso ainda pedimos um deixe saborosíssimo que recomendo e cujo nome jamais quero me esquecer: Cioba. Quando a água do rio já alcançava nossas coxas resolvemos seguir para outras praias.

A parada seguinte foi e um mirante cênico a uns 300 metros de altura em relação ao nível do mar. De um lado via-se a praia de Tabatinga e do outro a de Coqueirinho. Eu não sei dizer qual era a melhor visão, mas tenho que dizer que foi um dos lugares mais bonitos que já vi não só no Brasil , mas no mundo. Nem tento descrever a cena e creio que fotos não capturam a magia e a beleza do local. O único alerta é: vá um dia, antes de morrer !

Depois seguimos para Tambaba. Desde onde paramos na trilha, à esquerda era possível chegar a lugares que lembram Fernando de Noronha, que dizem ser o lugar mais bonito do Brasil. À direita fica a praia de nudismo; pudemos ver algumas garotas tirando fotos só com uma folha de jornal à frente, na entrada da praia, para parecerem estar nuas.

Ainda no litoral sul fomos à região dos canyons e seguimos de volta passando por dois mirantes e pelo ponto mais oriental da América.

Para fechar o dia com chave de ouro ainda fomos ver o pôr-do-sol na praia de Jacaré, próximo a Cabedelo. Talvez seria como um pôr-do-sol qualquer não fosse pelo fato de que um homem com uma paramenta impecável toca em um saxofone o bolero de ravel. Ele flui sobre as águas em um barco com um remador que faz um percurso milimetricamente calculado. A experiência é interessantíssima.

Eu disse fechar o dia, porque a noite ainda fomos em um restaurante tradicionalíssimo em JP, o Mangai. Comi Gororoba de charque (espécie de purê de mandioca com queijo e carne - muito bom), carne seca com nata, queijo coalho e bebemos suco de cajá.

Na sexta-feira dormimos pela manhã e a tarde fizemos o mesmo percurso que na quarta a noite, porém desta vez de dia. Conheci o teatro antigo, igrejas, praças, e outros sítios históricos.

No sábado tínhamos planejado um passeio pela manhã, mas o dia amanheceu chuvoso. Porém a tarde o tempo abriu e foi possível ir até um quiosque na praia do Bessa. Encontramos um primo e outro amigo do Bruno e dá-lhe mais carangueijo. Às 17:30 hs me desgarrei de meu amigo rumo à Pipa no RN para começar uma terceira fase da viagem.

João Pessoa me surpreendeu bastante, e assim como Vitória no ES creio que um dia fará parte do circuito tradicional do turismo brasileiro, mas tenho que dizer que a hospitalidade e orientação de uma pessoa conhecida fez toda a diferença nessa parte da viagem!

Um comentário:

Gustavo Bruno disse...

Olá Padilha, depois desse texto passei a gostar ainda mais de João Pessoa. E como Pessoense assumido (porém nascido em Campina Grande) sinto muito orgulho da minha cidade, principalmente quando alguém que não tem nenhum vínculo com ela enaltece suas qualidades.

Abraço e que o NE continue a te surpreender.